Na quarta-feira (18), o Ministério da Defesa da Rússia acusou a Ucrânia de ter lançado um ataque contra a região de Rostov, no sul do país, utilizando mísseis de longo alcance fabricados por potências ocidentais. Segundo as autoridades russas, a Ucrânia disparou seis mísseis ATACMS, desenvolvidos nos Estados Unidos, e quatro Storm Shadow, fabricados no Reino Unido. A acusação tem gerado uma escalada nas tensões entre os dois países em guerra desde 2022.
Em resposta ao ataque, o Ministério da Defesa russo afirmou que suas forças conseguiram interceptar todos os mísseis ATACMS. Quanto aos Storm Shadow, três dos quatro foram derrubados, segundo a mesma fonte. A Rússia, no entanto, alertou que tomará medidas de retaliação, aumentando a pressão sobre a Ucrânia e seus aliados ocidentais.
Essa troca de acusações ocorre em um momento crucial, com o presidente russo, Vladimir Putin, realizando sua coletiva de imprensa anual. Durante o evento, ele abordou uma série de questões internas e também reforçou suas ameaças contra o Ocidente, com ênfase nas tensões com os Estados Unidos e a União Europeia. Putin utilizou o cenário para destacar a disposição da Rússia em intensificar a guerra caso os ataques continuem.
Putin renova ameaças ao Ocidente e Ucrânia
No mesmo dia do ataque, Putin utilizou a coletiva para atualizar a população sobre a situação da guerra e suas perspectivas sobre o futuro do conflito. Ele fez uma série de declarações desafiadoras, incluindo um novo tom de confronto com os Estados Unidos, com uma proposta explícita de um “duelo” de mísseis. A afirmação demonstra a crescente tensão entre Moscou e Washington, com ambos os países envolvidos diretamente no apoio a seus respectivos aliados.
O uso de mísseis ocidentais pela Ucrânia, como o ATACMS e o Storm Shadow, foi uma mudança significativa na guerra, ocorrendo em setembro deste ano após aprovação das autoridades dos EUA e do Reino Unido. Para Moscou, esse apoio substancial transforma os países ocidentais em partes diretas do conflito, o que agrava ainda mais as relações internacionais e aumenta o risco de um confronto mais amplo.
Em uma mensagem clara de retaliação, Putin lembrou que a Rússia tem em seu arsenal o míssil hipersônico Oreshnik, que foi lançado contra a cidade de Dnipro, na Ucrânia, em 21 de novembro. Esse ataque, de grande impacto, pegou o mundo de surpresa, já que o Oreshnik era um armamento desconhecido até aquele momento. O líder russo afirmou que a Rússia está disposta a lançar mais desses mísseis, até mesmo contra “centros de tomada de decisão” em Kiev, caso a Ucrânia continue utilizando armamentos ocidentais.
Rússia e o aumento do conflito com armas modernas
Putin, além de responder aos ataques ucranianos, também falou sobre o histórico do conflito e suas próprias decisões. Ele afirmou que, em retrospectiva, deveria ter invadido a Ucrânia mais cedo. Em suas declarações, o presidente russo deixou claro que, apesar das dificuldades, está disposto a manter o confronto, alegando que a guerra era uma medida necessária para proteger os interesses da Rússia.
A postura de Putin também se estendeu a uma abordagem diplomática. Ele indicou que poderia estar aberto a negociações com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, com a condição de que isso levasse ao fim do conflito e à diminuição das tensões internacionais. A situação segue em um impasse, com o Kremlin ameaçando novas escaladas militares enquanto busca uma solução política.
A perspectiva de mais ataques envolvendo mísseis de longo alcance, como o ATACMS e Storm Shadow, coloca o futuro das relações entre a Rússia, a Ucrânia e o Ocidente em um caminho incerto. Com a guerra já em seu terceiro ano, qualquer movimento de um dos lados pode significar um aumento substancial da violência e das perdas humanas, sem perspectivas claras de um cessar-fogo ou acordo de paz.
Foto: igorsushko / X
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