O regime de Bashar Al-Assad, que dominava a Síria com autoritarismo há mais de 50 anos, desapareceu de cena sem aviso ou explicações. Não houve um discurso de despedida, uma renúncia formal ou qualquer sinal de que o poder fosse ser transferido. O país foi abandonado à medida que as tropas, da Marinha, Exército e Aeronáutica, simplesmente desmobilizaram-se e voltaram para casa. A saída abrupta e discreta da família Assad foi, segundo fontes investigativas, parte de um plano elaborado em segredo com a ajuda de Vladimir Putin, presidente da Rússia e aliado próximo.
A fuga de Assad foi desencadeada pela crescente ofensiva dos rebeldes, que avançavam rapidamente pelo território sírio. Desde o início da guerra civil, há mais de dez anos, Assad contava com o apoio do Irã e da Rússia para manter a estabilidade do seu regime. Contudo, com Putin focado na guerra da Ucrânia e o aiatolá Khamenei, do Irã, envolvido com conflitos envolvendo Israel e grupos como Hamas e Hezbollah, Assad ficou sem suporte efetivo para enfrentar os rebeldes.
A situação se agravou quando os insurgentes, que eram inicialmente uma força menor, conseguiram conquistar as principais cidades do país em questão de dias. Quando chegaram a Damasco, a capital síria, a resistência do exército de Assad foi mínima. O avanço foi sem enfrentamento e sem o poder de resposta do regime, o que deixou o ditador perdido em meio à queda de seu governo.
O papel de Bashar Al-Assad na crise
Bashar Al-Assad, acusado de graves violações dos direitos humanos durante o conflito, como o uso de armas químicas contra civis, observava com desespero a derrota iminente. Com as forças rebeldes dominando o país e a iminente queda de seu regime, Assad, cercado em Damasco, recorreu ao único apoio que ainda restava: o presidente russo, Vladimir Putin.
Putin, que já havia auxiliado Assad com bombardeios aéreos e forças militares, não conseguiu impedir o avanço rebelde. Percebendo a inevitabilidade da derrota, ele articulou uma saída segura para o ditador sírio. Assad deveria se deslocar discretamente para uma base russa no país, sem alertar sequer seus assessores mais próximos. Putin temia que o ditador fosse capturado ou morto nas ruas de Damasco, o que tornaria sua fuga mais complicada e violenta.
Assad, com sua família, seguiu o plano traçado. A operação foi executada em total sigilo, sem nenhum tipo de comunicação pública. Somente quando chegaram à Rússia é que as autoridades russas confirmaram que Putin havia concedido asilo à família Assad, que agora se encontrava em segurança, longe da Síria devastada.
Os bilhões de Assad em Moscou
A ajuda de Putin a Assad não se baseou apenas em um vínculo de amizade. No auge da guerra civil síria, Bashar Al-Assad fez grandes investimentos pessoais em Moscou, gastando mais de R$ 250 milhões em propriedades de luxo, incluindo coberturas e apartamentos em áreas privilegiadas da capital russa. Estima-se que ele tenha transferido ao Banco da Rússia mais de US$ 2 bilhões (aproximadamente R$ 12 bilhões), dinheiro roubado dos cofres públicos que ele manteve oculto, longe da Síria em guerra.
Essa fortuna gerou tensões, uma vez que, enquanto o povo sírio sofria com fome e devastação, a família Assad desfrutava do luxo em Moscou. O contraste entre a situação desesperadora na Síria e o estilo de vida ostentoso da família em sua nova residência russa é notável, mas também reflete a estreita relação entre Putin e Assad, com ambos trocando favores por interesses mútuos.
Em Moscou, a família Assad não apenas buscou refúgio, mas também uma nova vida em um dos centros mais exclusivos do mundo. Enquanto a Síria continua a ser devastada pela guerra, o ex-líder sírio e seus entes queridos gozam de uma vista privilegiada e de um estilo de vida luxuoso, com Putin garantindo sua segurança e bem-estar.
Bashar Al-Assad e seu legado
Bashar Al-Assad foi um dos principais responsáveis pela prolongação do conflito na Síria, que já dura mais de uma década. Seu governo foi marcado por uma brutal repressão contra opositores e a utilização de táticas militares violentas, incluindo ataques aéreos e uso de armas químicas contra civis. Considerado por muitos como um ditador implacável, Assad nunca demonstrou intenção de negociar uma solução pacífica com os rebeldes, preferindo manter o controle através da força militar.
Além de sua repressão interna, Assad também envolveu seu país em alianças regionais e internacionais complicadas, incluindo o apoio ao Hezbollah e ao regime iraniano. Sua relação com a Rússia, por sua vez, se fortaleceu ao longo do tempo, com Putin se tornando um dos principais aliados do regime sírio.
Putin e o apoio estratégico a Assad
A Rússia desempenhou um papel crucial na guerra civil síria, fornecendo apoio militar e financeiro a Assad em momentos críticos. A aliança com o ditador sírio foi estratégica para Putin, que viu na Síria uma oportunidade de expandir a influência russa no Oriente Médio e garantir uma posição privilegiada em um dos cenários geopolíticos mais complexos do mundo.
Além disso, o apoio de Putin a Assad também foi uma forma de demonstrar o poder militar russo na região, o que lhe permitiu fortalecer sua presença em outras disputas internacionais. A ajuda russa foi vital para manter Assad no poder, mas a saída de campo do ditador reflete as limitações do apoio externo diante de uma guerra interna crescente.
A Síria sem Assad: futuro incerto
Com a saída de Bashar Al-Assad, o futuro da Síria permanece incerto. O país, devastado pela guerra, enfrenta um longo processo de reconstrução, sem uma liderança clara ou uma resolução definitiva para o conflito. A presença de rebeldes e grupos extremistas, como o HTS, que ainda controlam partes do território, torna difícil qualquer tipo de estabilidade duradoura.
Além disso, a crise humanitária continua a ser um grande desafio, com milhões de sírios vivendo em condições precárias, sem acesso a alimentos, água potável ou cuidados médicos adequados. A comunidade internacional observa atentamente, mas as tensões geopolíticas entre potências como os Estados Unidos, Rússia e Irã complicam ainda mais uma possível resolução para a crise.
Foto: Getty Images
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